Rio -  Ao saborear um delicioso cheeseburguer, você se preocupa com as calorias? E se soubesse que, para ‘gastar’ o sanduíche, seriam necessários 140 minutos de caminhada, isso pesaria mais na hora da escolha? Estudiosos americanos acreditam que sim.
Uma pesquisa da Universidade Cristã do Texas testou colocar nos cardápios de restaurantes a quantidade de exercícios necessária para ‘gastar’ cada alimento, e mostrou que as pessoas acabaram ingerindo refeições 15% menos calóricas e mais nutritivas. Porém, quando apenas o número de calorias era exibido, as escolhas não apresentavam mudança. 
Foto: Arte O Dia
Foto: Arte O Dia
O estudo envolveu 300 voluntários, com idades entre 18 e 30 anos, que receberam três diferentes tipos de cardápios: um simples, um contendo o tempo necessário para ‘queimar’ cada refeição e outro com o número de calorias dos alimentos. Todos continham as mesmas opções de alimentos. 
Autora da pesquisa, Meena Shah afirma que “é preciso uma estratégia mais efetiva para encorajar a população a escolher opções menos calóricas nos menus de restaurantes”. Ela sugere que as calorias sejam convertida em caminhadas rápidas, pois o exercício é de fácil execução.
Mas será que a medida teria efeito positivo no Brasil? Para a endocrinologista Rosani Resende, “além de incentivar a atividade física, essa seria uma boa forma de mostrar às pessoas as consequências dos alimentos”.
Já na opinião da nutricionista Michelle Boscato, do Hospital Adventista Silvestre, a quantidade de exercícios deve ser uma informação adicional. “Apesar de positiva, essa contagem não considera o gasto metabólico basal, que é a quantidade de energia que o corpo precisa para realizar suas atividades vitais”, explica.
Por isso, não adianta sair correndo do restaurante. Segundo as especialistas, a melhor forma de comer bem é fazer um acompanhamento nutricional associado a atividades físicas regulares, que geram aumento da massa magra, favorecendo o gasto energético. Sabendo disso, o que você faz? Muda o pedido na lanchonete ou encara a ginástica?
Quanto mais exercício, melhor?
Embora seja possível traçar uma média do tempo de atividade física necessária para ‘queimar’ os alimentos, o preparador físico Rodolfo Pereira afirma que o gasto calórico de cada pessoa depende de gênero, altura, peso, idade e condicionamento físico. “Um treinamento aeróbico associado ao fortalecimento dos músculos é indicado para todos”, diz.
Já para o fisiologista Ricardo Zanuto, a intensidade do exercício é mais importante do que o volume. “Quanto maior for a frequência cardíaca do indivíduo, maior o gasto energético”, explica o especialista.
Opiniões diferentes nos restaurantes da cidade
Perguntados sobre os efeitos que a pesquisa americana surtiria, caso fosse aplicada no Brasil, os apreciadores de guloseimas dividiram opiniões.
Alvimar Calazans, programador visual, 57 anos, ignoraria o experimento. “Pensar em como gastar antes mesmo de comer acaba com o prazer tanto da comida quanto da atividade física”, afirma. Para Ludmila Tavares, 25, saber a quantidade de calorias gera mais impacto. “Como o número de calorias é muito maior, acaba assustando mais”, opina a estudante. Já o casal Mauro Froes e Liliana Ávila disse que não se preocuparia com o exercício necessário para gastar a comida, porque a medida é “relativa”. Eles foram os únicos entrevistados a optar por salada.
É preciso escolher bons alimentos
Mesmo com todos os benefícios, apenas fazer atividade física não é sinônimo de um corpo saudável. “Muitas pessoas que praticam exercícios comem de forma pior do que sedentários, pois acreditam que pelo fato de treinarem podem abusar mais”, diz Ricardo Zanuto, fisiologista.
A endocrinologista Rosani Rezende afirma que o importante é observar o caráter qualitativo dos alimentos e não só o quantitativo. “Alimentos pouco nutritivos e ricos em gordura e açúcares demoram mais para serem gastos e são mais facilmente estocados na região abdominal”, diz.