Concorrência na telefonia fixa faz consumidor economizar 70%
POR DANIEL CARMONA
Rio - Com maior qualidade nas ligações, tarifas muito mais competitivas e até mobilidade por uma determinada área, a telefonia considerada fixa tem hoje um grupo de entusiastas que deixaram de olhar apenas para o celular como alternativa moderna e atraente de comunicação. E, no fim do mês, no bolso pode pesar 50%, 60% ou até 70% menos, mas falando muito mais.
Com planos que partem do custo zero de manutenção da linha até pacotes de R$ 20 mensais por milhares de minutos em DDD, a telefonia fixa, na carona dos pacotes de banda larga, deixou a estagnação da década passada para, desde 2010, registrar expansão de 7% no número de linhas ativas. Saltou da casa de 40 milhões, quantidade que oscilou durante todos os anos 2000, para 44,3 milhões hoje, segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Quem faz parte dessa conta é a produtora cultural Lívia Stefano, 30, de São Paulo,que há nove meses passou a compartilhar as atenções, antes voltada para o smartphone, com um telefone fixo. “Valeu a pena. Uso para receber ligações. Quando preciso, faço chamadas de longa distância com preço baixo”, diz ela.
Segredo é manter o plano atualizado
O gasto aproximado de R$ 120 na conta do celular foi reduzido para R$ 80 por mês. Em contrapartida, o telefone fixo, que antes não fazia parte da conta, agora consome cerca de R$ 15 no orçamento. No saldo, R$ 25 a menos de gasto no fim do mês, com a possibilidade de usar muito mais a telefonia fixa. Foi essa a estratégia traçada por Lívia Stefano.
“Meus familiares moram em outra cidade, mas têm um telefone da mesma operadora que a minha. Eles me ligam de graça e eu falo com eles sem pagar nada também”, acrescenta ela.
O analista Marcelo Botelho diz que os planos não foram feitos para serem comparados: 'Essa é a dificuldade' | Foto: Divulgação
O desafio de comparar as 'maçãs'
Assim como acontece com os celulares, a busca pelo pacote ideal é o principal desafio de quem quer adquirir linha fixa. Até 1997, quando o governo promulgou a Lei Geral das Telecomunicações (Lei 9.472), que estabeleceu a privatização e concorrência para setor, a cobrança era sistemática: pagava-se pela assinatura mensal da linha e pelos pulsos usados no período. Desde então, a mudança de parâmetros estabeleceu a minutagem e ampliou as ofertas de pacotes, que acabaram contribuindo para confundir e dificultar a decisão do consumidor na hora de escolher.
“Existe uma métrica para fazer essa avaliação? Não. E acho que é até proposital. Quando a unidade básica de medida é o preço fica praticamente impossível definir qual pacote vale mais a pena. Há infinidade de opções que dificultam a decisão”, explica o analista de sistemas Marcelo Botelho. “É como comparar uma maçã adocicada com uma maça desidratada. A fruta é a mesma, mas o valor é diferente, o produto é outro”, complementa.
Botelho, no entanto, reforça que vale a pena para o consumidor revisar periodicamente os valores pagos por serviços de telefonia. “Se você pegar o usuário que tem o controle da operação e das finanças, não tenho dúvida que ele gasta menos em relação a quem pouco se importa com isso. Vejo muita gente reclamar da conta, mas nem todos buscam alternativas”.
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