Rio -  O Engenhão fechou, mas o que não está fechando são as contas dos comerciantes do entorno do estádio, no Engenho de Dentro. Desde de que a prefeitura interditou o local, por causa de problemas na cobertura, os vendedores têm amargado prejuízos. E, pior, ainda sofrem com a incerteza sobre quando o movimento voltará ao normal.

Quem trabalha na região também reclama que até hoje ninguém do poder municipal apareceu para dar informações, principalmente sobre a volta do funcionamento do estádio.

O aposentado Antonio Carlos Viana, de 67 anos, mora na Rua Doutor Padilha há seis décadas. Desde 2007, quando o estádio foi inaugurado para os Jogos Pan-americanos, ele transformou a entrada de casa em uma pequena lanchonete, onde vende salgadinhos, doces e bebidas.
Iara tem lanchonete no entorno do estádio: ‘Durante a construção, os operários trabalhavam 24 horas por dia. Quando a prefeitura quer, ela faz’ | Foto: Fernando Souza / Agência O Dia
Iara tem lanchonete no entorno do estádio: ‘Durante a construção, os operários trabalhavam 24 horas por dia. Quando a prefeitura quer, ela faz’ | Foto: Fernando Souza / Agência O Dia
Graças a um alvará da prefeitura, passou a funcionar legalmente. Por dia de jogo, seu lucro chegava a R$ 700, mais do que ele ganha por mês com seu salário de aposentado, que é o mínimo.

“Agora, está acontecendo Libertadores e Copa do Brasil. Se esses jogos fossem disputados aqui, seria ótimo. O movimento está tão ruim que nem abro em alguns dias. Esse dinheiro está fazendo falta”.

Quem também não está nada contente é Iara Couto, de 62. Ela abriu lanchonete em 2001, antes de começarem a construção do Engenhão, e conviveu três anos com obras e seus transtornos.
O aposentado Antonio Viana transformou a entrada de casa em lanchonete: ‘Esse dinheiro faz falta’ | Foto: Fernando Souza / Agência O Dia
O aposentado Antonio Viana transformou a entrada de casa em lanchonete: ‘Esse dinheiro faz falta’ | Foto: Fernando Souza / Agência O Dia
Segundo Iara, os moradores e comerciantes acreditaram em um projeto e investiram nele. Muitos moradores, comenta ela, deixaram seus empregos para viver do comércio no entorno do estádio. E agora são como crianças que tiveram o doce roubado.

“Na época da construção do estádio, os operários trabalharam 24 horas por dia. Quando a prefeitura quer, ela se mexe. Agora, ninguém nos dá uma satisfação. Se depender das autoridades, a resposta vai vir a passos de tartaruga”, reclama Iara.

Estoques encalhados

Antes de o estádio ser interditado, muitos comerciantes fizeram estoques que estão encalhados. É o caso de Roseli Teixeira, de 41 anos.

Ela abria sua garagem apenas em dia de jogos para vender churrasco e bebida. Agora, precisa abrir diariamente. Roseli diz que teve prejuízo de R$ 3 mil em abril. A prefeitura informou que aguarda o laudo das construtoras sobre o reparo que precisa ser feito na cobertura do Engenhão.

Assim, só poderá dar algum prazo de quando o estádio poderá ser reaberto após ter acesso ao estudo, que deve ser entregue este mês.