Sem aulas, estudantes são reféns da violência na Maré
Por causa dos tiroteios, unidades são obrigadas a dispensar alunos com frequência
POR CHRISTINA NASCIMENTO
O motivo: os constantes tiroteios entre policiais militares e traficantes na comunidade. A situação é tão problemática que no Elis Regina, mês passado, os estudantes foram dispensados sete dias — todos por causa de confrontos.
Com isso, dos 19 dias de aulas previstas em abril, os alunos só tiveram 12. “A gente já sai da sala abaixado, como se fosse treinamento de guerra. Muitas crianças ficam nervosas, choram. Mães, desesperadas, vão no meio do tiroteio mesmo, para resgatar seus filhos. O que a gente quer é que a prefeitura dê uma resposta a este problema. Nossos alunos já são prejudicados pela violência que sofrem cotidianamente, não podem também ficar sem aula”, desabafou uma professora.
Com isso, dos 19 dias de aulas previstas em abril, os alunos só tiveram 12. “A gente já sai da sala abaixado, como se fosse treinamento de guerra. Muitas crianças ficam nervosas, choram. Mães, desesperadas, vão no meio do tiroteio mesmo, para resgatar seus filhos. O que a gente quer é que a prefeitura dê uma resposta a este problema. Nossos alunos já são prejudicados pela violência que sofrem cotidianamente, não podem também ficar sem aula”, desabafou uma professora.
Trocas de tiros constantes ameaçam estudantes, professores e mães nos Cieps da Nova Holanda, na Maré | Foto: Elisângela Leite / Redes da Maré
Um professor do Ciep Operário Vicente Mariano, também na Maré, contou que no último dia 18 policiais entraram na escola e revistaram as salas.
“Foi todo mundo para o corredor enquanto eles buscavam armas e drogas. Uma professora chegou a falar para eles que ali havia crianças, e um dos policias falou: ‘Eles moram em favela. Estão acostumados com armas’”, afirmou um professor.
Os conflitos têm atrapalhado também o projeto Estrada Cultural, que ensina música para jovens do Complexo da Maré. Um dos instrutores fez um desabafo num blog, em abril.
“Contínuas operações na Maré nos têm impedido de desenvolver nosso trabalho. Há cinco semanas não conseguimos dar continuidade a mais do que uma aula. (...) Sinto-me mais arrasado ao saber que nas últimas semanas eles não puderam aprender Português, Matemática, Ciências, História, Geografia etc. Como esperar que eles cheguem a algum lugar?”, questionou o professor.
Comandante da PM defende operações
O comandante da Polícia Militar, coronel Erir Ribeiro, defendeu as operações na Maré e explicou que essa é uma forma de não deixar a comunidade à mercê de bandidos.
Ainda segundo o oficial, as incursões do Bope acontecem, quase sempre, na madrugada, e acabam se estendo pela manhã.
O Comando do Bope, por nota, informou que vai abrir um canal de conversação com a Coordenadoria Regional de Educação (CRE) nos próximos dias.
A unidade militar esclareceu ainda que as operações na Maré não são de pré-pacificação e sim de busca por armas e drogas.
“Foi todo mundo para o corredor enquanto eles buscavam armas e drogas. Uma professora chegou a falar para eles que ali havia crianças, e um dos policias falou: ‘Eles moram em favela. Estão acostumados com armas’”, afirmou um professor.
Os conflitos têm atrapalhado também o projeto Estrada Cultural, que ensina música para jovens do Complexo da Maré. Um dos instrutores fez um desabafo num blog, em abril.
“Contínuas operações na Maré nos têm impedido de desenvolver nosso trabalho. Há cinco semanas não conseguimos dar continuidade a mais do que uma aula. (...) Sinto-me mais arrasado ao saber que nas últimas semanas eles não puderam aprender Português, Matemática, Ciências, História, Geografia etc. Como esperar que eles cheguem a algum lugar?”, questionou o professor.
Comandante da PM defende operações
O comandante da Polícia Militar, coronel Erir Ribeiro, defendeu as operações na Maré e explicou que essa é uma forma de não deixar a comunidade à mercê de bandidos.
Ainda segundo o oficial, as incursões do Bope acontecem, quase sempre, na madrugada, e acabam se estendo pela manhã.
A unidade militar esclareceu ainda que as operações na Maré não são de pré-pacificação e sim de busca por armas e drogas.
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