Rio -  Passarelas enferrujadas e sem grades de proteção, travessias de pedestres invadidas por motociclistas e cavalos, animais na pista, placas de sinalização pichadas e entulhos à margem da rodovia. Esse é o retrato do abandono na Via Light (RJ-081), trecho de 11 quilômetros que liga Nova Iguaçu até a Pavuna e que recebe diariamente mais de 15 mil veículos.
Foto: Carlos Morais
Foto: Carlos Morais
Se próximo a Nova Iguaçu, a visão do motorista é de uma paisagem, próximo a São João de Meriti os problemas se acumulam. A falta de mais passarelas é a maior queixa dos moradores. Eles dizem que os acidentes acontecem com frequência.
O gráfico Leandro Souza, 25 anos, disse que o pai foi uma das vítimas da falta de passarelas. “Há cerca de nove meses meu pai foi atropelado. Como não havia passarela por perto, ele atravessou pela rodovia. Foi atropelado e sofreu séria lesão no tornozelo”, diz o rapaz.
Leandro também critica a falta de pontos de ônibus e de abrigos de pedestres. “A Via Light precisa ser melhor cuidada. É perigosa para todos que passam por ali”, reclama.
Pela via, ciclistas e corredores arriscam a vida usando os estreitos acostamentos. Não há ciclovias nem faixa de pedestre. O risco de atropelamento é ignorado por eles.
Já as passarelas, que deveriam ser ocupadas por pedestres, são frequentemente invadidas por motociclistas e até por cavalos. O auxiliar de manutenção André Luiz de Souza, 34 anos, conta que o pai foi vítima de atropelamento numa das poucas passarelas sobre a Via Light.
“Ele foi atingido em cheio por uma moto. A roda de sua bicicleta ficou toda amassada e ele acabou machucando uma das pernas. Parece até que atravessar a pista é menos perigoso. Falta fiscalização”, reclama.
O cenário é mais sombrio próximo ao bairro Tomazinho, em São João de Meriti, onde o mato alto toma conta da margem da rodovia. No local, até carcaças de computadores são jogadas em meio ao entulho.
DER informa que faz manutenção da via
O Departamento de Estradas de Rodagem (DER-RJ) informou, através de sua assessoria de comunicação, que faz diariamente a manutenção da Via Light, incluindo o serviço de capina na margem da rodovia, a retirada de entulhos e a aconservação do piso das passarelas.
Ainda de acordo com a assessoria, foram feitas recentemente limpeza e retirada de lixo no trecho próximo a Mesquita. O DER-RJ informa que a retirada do lixo situado fora das pistas é de responsabilidade das prefeituras. No entanto, segundo a assessoria, para não causar maiores transtornos à população, o DER-RJ tem feito a retirada.
O DER-RJ informou ainda que reconhece que as passarelas apresentam sinais de ferrugem em alguns trechos, mas alega que a manutenção é feita frequentemente e que não há risco de acidentes para os pedestres. Já quanto ao tráfefo de motocicletas, o órgão informa que a competência da repressão é da Polícia Militar.
Obra prevê ligação com a Avenida Brasil
Em 2010, o governador Sérgio Cabral anunciou a licitação de obras de ampliação da Via Light e liberou R$ 469 milhões para o DER-RJ. O projeto consiste em ligar a Pavuna até a Avenida Brasil, com 3,5 km de extensão, e inclui a construção de dois túneis, além de sinalização e iluminação
Construída em 1998, na gestão do governador era Marcello Alencar, a Via Light foi planejada para desafogar o trânsito na Rodovia Presidente Dutra. No entanto, a pista é hoje apenas uma artéria do Centro de Nova Iguaçu e serve como integração ao metrô da Pavuna, onde os ônibus são interligados com o Rio de Janeiro. A via também corta as cidades de Mesquita, Nilópolis e São João de Meriti.
Em 2005, o trecho teve sua extensão aumentada, com a inauguração do Viaduto Dom Adriano Hipólito, em Nova Iguaçu. São 11 passarelas no trecho entre Nova Iguaçu e a Pavuna.