Nhá Chica é beatificada em Minas Gerais
Minas Gerais - Negra, iletrada e filha de escravos, fato inédito, a mineira Francisca de Paula Jesus, a Nhá Chica, recebeu na tarde deste sábado o título de beata pela Igreja Católica do Brasil, em cerimônia que parou a cidade de Baependi (MG), onde ela viveu e morreu em 1895. Sob sol e calor intenso, uma multidão calculada em 50 mil pessoas, muitos usando sombrinhas, acompanhou a beatificação da milagreira e formou grandes filas para visitar a casa onde a ‘Mãe dos Pobres’, como ela era conhecida, viveu.
Foto: Gil Leonardi / Imprensa MG
Através de uma mensagem lida pelo cardeal Angelo Amato, o Papa Francisco afirmou que Nhá Chica foi uma ‘perspicaz testemunha da misericórdia de Cristo’.
Naquele ano, a professora Ana Lúcia Leite descobriu que tinha um problema congênito no coração. Na véspera de fazer uma cirurgia, sentiu forte febre e exames posteriores revelaram que o problema havia desaparecido. Ana Lúcia havia rezado para Nhá Chica e considerado a cura por intermédio dela.
O provável milagre foi enviado ao Vaticano em 1998, e em 2011 o Papa Bento XVI aprovou as virtudes heroicas da religiosa e a designou o título de Venerável, necessário à posterior beatificação.
Três horas na fila
Filha livre de uma ex-escrava, Nhá Chica nasceu em meados de 1810, em Santo Antônio do Rio das Mortes, distrito de São João Del Rei (MG). Mudou-se para Baependi aos oito anos, com o irmão, quatro anos mais velho, e a mãe, que morreu quando ela tinha 10 anos. O irmão se casou, e na morte deixou fortuna em ouro que Nhá Chica usou para construir a Capela de Nossa Senhora da Conceição, de quem era devota, além de fazer doações a necessitados. A obra foi demolida em 1940. Anos depois foi erguido no local santuário para os restos mortais da beata.
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