Rio -  É com enorme satisfação que Caco Ciocler resume o sentimento das mulheres em relação ao revoltado Celso, seu papel em ‘Salve Jorge’: “Estão me odiando como nunca!”. E não era para menos. Aos 41 anos, o ator paulista, que já foi mocinho em várias novelas, virou alvo da ira do público feminino por causa das armações de seu personagem, que tenta colocar a filha, Raíssa (Kiria Malheiros), contra a mãe, Antônia (Letícia Spiller), ao disputar a guarda da menina.
Ator começa a gravar 'Salve Jorge' | Foto: Divulgação
Ator fala sobre o personagem | Foto: Divulgação
“Nunca tinha passado por esse ódio tão visceral, principalmente das mulheres. Já fiz vilões, mas bem ou mal eles tinham um certo charme. Celso não tem atrativo algum. Não é que seja mau, ele é equivocado, sem maturidade emocional e está fazendo coisas com uma criança, o que mexe demais com as pessoas”, avalia o ator, que tem sido xingado nas ruas. “Isso significa que estou fazendo direitinho o meu trabalho”.
Se na ficção faz um homem que se morde de ciúme pela ex-mulher por ter sido traído e abandonado, na vida real Caco, que se separou da atriz e diretora de arte Marina Previato, diz que aprendeu a lidar com esse sentimento. “Eu sinto ciúme, já senti coisas que o Celso sente, já fui traído e abandonado. Já traí e abandonei. Eu sei que dor é essa. Mas tenho a consciência de que o ciúme é um sentimento ruim, de posse. Hoje em dia, eu me policio muito, por entender que isso não é amor, é ego ferido. Tem muito mais a ver com as minhas questões do que com a pessoa em si”, reflete.
Nada como a maturidade. Até porque o ator já agiu de forma bem diferente na adolescência. “Já fiz escândalo, já quebrei casa... Por quê? A pessoa me traiu, meu camarada!!!”, conta ele, aos risos.
Ator nunca falou mal da ex para o filho | Foto: Ag. News
Ator nunca falou mal da ex para o filho | Foto: Ag. News
Pai de Bruno, de 17 anos, fruto de seu relacionamento com a atriz Lavínia Lorenzon, Caco define como “um absurdo” o que Celso faz com a filha, falando coisas para atingir a mãe — uma atitude chamada de alienação parental. “Essa foi uma preocupação que eu sempre tive quando me separei da mãe do meu filho. A criança não tem nada a ver com isso. Imagina ela crescer ouvindo os pais falando mal um do outro. Deve ser um estrago irreparável!”, diz ele, que atualmente curte a solteirice sem o filho. “Ele está fazendo intercâmbio na Austrália. Pela primeira vez, desde os 24 anos, estou solteiro e levo uma vida sem o compromisso de voltar pra casa para cuidar dele. Gostaria de ter mais filhos, mas não agora. Quero ter essa experiência em outra situação, encontrar uma pessoa bacana e, com certeza, ter um filho”.
Diferentemente do seu personagem, o ator garante ter ótima relação com a mãe de Bruno, mas procura evitar comentários que possam ser mal interpretados. “Às vezes, me pego soltando umas coisas. Aí, penso: ‘Não posso falar isso’. Mas também já ouvi do meu filho coisas que ela falou de mim. É normal. Mas me dou muito bem com ela”, assegura.
Chocado mesmo Caco ficou ao saber dos casos extremos, nos quais as mães fazem acusações falsas contra os pais para conseguir a guarda do filho (a) na Justiça. “É mais comum do que a gente imagina. As mulheres acusam os maridos de abusarem da filha, de seduzi-la, de gostar de vê-la tomar banho. Uma loucura!”, indigna-se.
Quando a autora Glória Perez começou a debater o tema, Caco tomou uma decisão importante para encontrar seu espaço em meio a quase 100 personagens. “Sabe quando tem aquela multidão e você começa a pular? Celso nem era tão maluco, mas achei que precisava dar uma subidinha no tom para prestarem mais atenção em mim”, revela. A estratégia deu certo. “Celso ocupou um lugar particular na trama. É o tipo de personagem que você quer ver para odiar, para xingar”, avalia.
Na reta final, Celso vai recuperar a guarda da filha após a prisão de Antônia e descobrir que não é filho de Arturo (Stenio Garcia), mas sim de Gustavo, o marido falecido de Leonor (Nicette Bruno). Ele vai reivindicar a paternidade e sua parte na herança. “Eu queria que ele acordasse, caísse na real. Precisa tomar na cabeça”, torce.