Rio -  A ousadia da quadrilha que deu um golpe que pode chegar a R$ 7,5 milhões no seguro obrigatório de trânsito (DPVAT) não tinha limite.

Eles falsificavam a assinatura do delegado titular da 59ª DP (Duque de Caxias), na Baixada Fluminense, Rodrigo Santoro, em comunicações internas da delegacia e, para garantir que o esquema não seria descoberto, caso algum desses documentos caísse nas mãos de Santoro, encaminhavam papéis com informações genéricas e incompletas, que eram preenchidas depois com o pedido de laudo falso.

A investigação da Corregedoria Interna da Polícia Civil (Coinpol) comprovou a falsificação da assinatura de Santoro com auxílio do Instituto de Criminalística Carlos Éboli.
Rodrigo Santoro disse que foi informado da falsificação por jornalistas | Foto: Paulo Araújo / Agência O Dia
Rodrigo Santoro disse que foi informado da falsificação por jornalistas | Foto: Paulo Araújo / Agência O Dia
“Para ser sincero, estou sabendo desse detalhe agora, por vocês. O trabalho da Corregedoria foi tão bem feito que nem mesmo fui chamado para depor sobre minha assinatura em algum documento”, disse Santoro.

Atualmente titular da Delegacia de Roubos e Furtos, ele esteve à frente da 59ª DP em 2011 e 2012. Foi no período em que o bando fazia pedidos de perícia em acidentados de trânsito encaminhados ao Posto de Polícia Técnica e Científica de Caxias, que forjava doenças incuráveis.

Nesta sexta-feira, Rafael Tobias, empregado do escritório de advocacia Mendonça e Silva, acusado de envolvimento na fraude, e Eduardo Maximiano, servidor do Hospital Estadual de Saracuruna, que teria fornecido documentos à quadrilha, se entregaram. Agora, 19 dos 23 mandados de prisão da 2ª Vara Criminal de Caxias foram cumpridos.

Em gravação, líder do bando revela medo de ser presa e ameça se matar

Nas interceptações telefônica feitas Corregedoria com autorização judicial, chama a atenção o descontrole de Sandra Regina Cardoso Braga, apontada pela polícia como chefe do esquema do DPVAT.

Em uma das ligações, uma mulher, que seria ela, segundo policiais, diz: “Minha família vai cair para dentro do delegado (Glaudston Lessa, da Corregedoria). Ele está se esquecendo disso”, afirma ela. Para investigadores, a frase mostra a intenção de Sandra de se vingar do responsável pela apuração.

Em outro trecho, a mesma mulher diz que poderá se matar: “Já avisei aos meus filhos que não tenho estrutura nenhuma. Se me levarem presa, vou, mas quando sair, dou um tiro na minha cabeça”.