Rio -  A aposentada Marinete Andrade de Lima, de 64 anos, que morreu após ser baleada nas costas durante um tiroteio na noite desta sexta-feira entre PMs e traficantes na favela do Barbante, na Ilha do Governador, será sepultada às 13h deste domingo, no cemitério do Cacuia, também na Ilha.
A idosa conversava com o vizinho Fabiano Fernandes Bezerra, de 32 anos, no portão dacasa dele, na Rua Andorinhas, no interior da comunidade, quando teve início o tiroteio. Ele foi atingido no pé, no abdômen e nas costas. Ambos se abrigaram na casa dele até serem socorridos para o Hospital Municipal Evandro Freire (HEF), também na Ilha do Governador.
Mesmo sendo socorrida na unidade de saúde, Marinete não resistiu ao ferimento. Fabiano estava em observação na emergência do hospital, até o início da madrugada deste sábado. Ele está com uma bala alojada no fígado e tem dificuldades de respirar. Ele aguardava para ser ser transferido para o Centro de Tratamento Intensivo (CTI).
Os PMs - que não tiveram os nomes revelados - foram inicialmente socorridos no Hospital da Aeronáutica, na Ilha do Governador, e depois transferidos para o hospital da corporação, no Estácio, na Zona Norte. Um foi ferido por estilhaços na coxa e o outro está com uma bala alojada no ombro. Ainda não se sabe o estado de saúde deles.
"Tínhamos armado um churrasquinho para domingo em Santa Cruz e acontece isso", lamentou a mãe de Fabiano, que preferiu não se identificar. Ele é casado, tem uma filha e dois enteados.
Segundo policiais do 17º BPM, eles foram surpreendidos e atacados a tiros por traficantes de drogas durante um patrulhamento na comunidade. Agentes da Divisão de Homicídios (DH) estiveram no local onde as vítimas foram baleadas. Eles também foram ao HEF. Duas testemunhas prestaram depoimento na sede da DH, na Barra da Tijuca.
Estudante morreu em operação do Bope
A morte da aposentada é a segunda em menos de um mês na Ilha do Governador. Na madrugada do dia 24 de janeiro, a estudante Michele Valentim dos Santos, de 19 anos, morreu durante uma operação do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) no Morro do Dendê. O pai dela, Márcio Valentim, afirmou na época que a estudante voltava de uma festa quando foi ferida. Segundo Valentim, ela estava acompanhada do namorado.
"Ela saiu para ir à uma festa e aconteceu dela estar voltando para casa quando houve a operação, com muito tiroteio. Ela acabou sendo vítima de uma situação dessas. O namorado dela, até alguém provar o contrário, não tinha envolvimento com nada e trabalhava como mototaxista", afirmou à rádio CBN.
De acordo com o major Ivan Blaz, relações-públicas do Bope, durante confronto, um homem havia tentado fugir do cerco na companhia de uma jovem em um carro modelo Gol.
Michele foi baleada na cabeça e no ombro. Ela morreu no Hospital Paulino Werneck, na Ilha do Governador. O suspeito abandonou o veículo e fugiu. No interior do carro, no entanto, os PMs encontraram a identidade dele.
"É uma situação que nos causa estranheza o fato dela ter sido deixada ferida pelo condutor do veículo", afirmou Blaz na época.