Rio -  Na Baixada Fluminense, o caminho mais fácil para o resgate social passa pelo esporte. Seja nas vilas olímpicas dos municípios ou em projetos comunitários desenvolvidos em centros esportivos, os novos campeões vão sendo formados.
Foto: Paulo Araújo
Foto: Paulo Araújo
Com o objetivo de retirar crianças e adolescentes da ociosidade e educá-las através do esporte, o ex-jogador de vôlei Antônio Carlos da Silva, o Carlão, oferece aulas gratuitas a meninos e meninas entre oito e 16 anos na Praça do Skate, no Centro de Nova Iguaçu.
O projeto completou 10 anos em novembro de 2012 e já ensinou o esporte a mais de 1.500 jovens. “Cada vez mais adolescentes se envolvem com as drogas e a violência. Usamos o vôlei como ferramenta de educação e para mostrar um outro caminho, mostro que eles podem vencer através do esporte”, explica Carlão.
Entre tantos meninos e meninas que já passaram pelas mãos do ex-jogador está David Gilberto dos Reis Pinheiro. Aos 18 anos, o jovem de 1,98m, morador do bairro K-11, em Nova Iguaçu, encontrou no vôlei um rumo para sua vida e hoje faz já planos para se tornar um campeão.
“Conheci o Carlão quando tinha 15 anos. Nunca tinha pensado em jogar vôlei, mas entrei para o projeto depois que assisti a uma palestra motivacional em que ele mostrava como o esporte pode mudar a vida de uma pessoa. Depois de três meses treinando, fui para o Botafogo e defendi as seleções carioca e brasileira sub-19. Meu sonho agora é disputar campeonatos mundiais e até mesmo uma Olimpíada”, explica David.
As vilas olímpicas também têm ajudado a revelar promessas para o esporte. No futebol, por exemplo, uma das gratas surpresas da Vila Olímpica de Queimados é Diego Santos, conhecido como Biro-Biro, atualmente nos juniores do Fluminense. Atleta da vila olímpica, ele despertou o interesse do Nova Iguaçu, onde foi vice-campeão e artilheiro do Carioca de Juniores de 2012, com 27 gols em 32 jogos. Em seguida, foi para o Fluminense. Aos 18 anos, o jovem talento terá idade olímpica em 2016. “Assim como o Biro-Biro, muitos talentos saíram da nossa vila”, conta o secretário de Esporte de Queimados, Luiz Carlos Monteiro.
Reforma em Nova Iguaçu
Inaugurada em 1997, a Vila Olímpica de Nova Iguaçu deve passar por reformas. De acordo com Adriano Santos, que assumiu a Secretaria de Esporte do município, a meta é oferecer um melhor atendimento aos atletas que usam o espaço esportivo.
O secretário revela que a pista de atletismo, frequentada diariamente por centenas de pessoas, deverá ter o piso trocado. E o campo de futebol vai entrar em obras.
“Vamos comprar um piso reciclável que virá de uma fábrica da Bahia e custará 50% do preço de uma nova pista. Nosso campo de futebol é grande. Vamos reduzi-lo e transformá-lo em um campo de grama sintética. Assim, teremos espaço para a construção de uma quadra de vôlei de areia”, explica Adriano Santos.
Segundo ele, a pista de atletismo, o campo de futebol e a quadra de vôlei devem ser inaugurados no segundo semestre deste ano. E uma nova vila olímpica será inaugurada na cidade, ao lado do campus da Universidade Rural, próximo ao Aeroclube de Nova Iguaçu. O espaço será usado para revelar atletas na natação.
Queimados também ganhará nova vila olímpica. “Ela é tão importante para nós que estamos construindo outra no bairro São Francisco”, diz o prefeito Max Lemos. Para ele, o esporte é a melhor ferramenta para evitar que os jovens se envolvam com violência e drogas.
Exemplo de superação
Muitos talentos também surgem de eventos como as Olimpíadas da Baixada e dos jogos estudantis. Lucila Vianna é um exemplo de superação por meio do esporte na Baixada.
Então moradora do bairro Comendador Soares e estudante de uma escola pública de Nova Iguaçu (Escola Estadual Antonio da Silva), aos 15 anos ela disputou uma competição de handebol entre colégios do município, mostrando seu potencial. Campeã pelo colégio, Lucila viu no handebol a chance de um futuro promissor. Aos 17 anos, já fazia parte da seleção brasileira de handebol.
“Foram 16 anos defendendo a seleção, dez como capitã da equipe. Disputei três Olimpíadas, de 2000, 2004 e 2008 e sete mundiais”, lembra Lucila, que foi tricampeã panamericana e hexacampeã sulamericana. Ainda segundo a atleta, a Olimpíada na Grécia foi a mais marcante.
“Nosso melhor resultado foi o sétimo lugar nos jogos de Atenas, em 2004. Logo depois, fui contratada por uma equipe da Espanha, uma das principais potências do handebol mundial”, conta a atleta, hoje com 36 anos.
Lucila, ainda fez faculdade de Educação Física e cursou um ano e meio de Fisioterapia. “Não me imagino sem o handebol. É minha vida”, conta.