Rio -  A escola surgiu porque as famílias não conseguiam mais educar seus filhos, mas a educação no passado era familiar, e muitos protelavam a ida das crianças para a escola. Ao longo do tempo, a sociedade mudou, sobretudo com a Revolução Industrial. O advento da internet leva novamente as famílias a pensar nessa possibilidade de manter os estudos em casa.
No Brasil já há iniciativa no Legislativo federal para que a medida possa ser configurada em lei. As famílias com condições técnicas e culturais poderiam, então, educar seus filhos em casa.
As vantagens são claras: menor movimentação, estudo adaptado ao desenvolvimento da criança — por ser individualizado — e orientação de pesquisa em portais disponibilizados não por escolas e, sim, por agências de ensino que, a distância, cuidariam da instrução. Os pais não estariam presentes. O controle poderia ser feito pelo celular, tablet ou notebook do próprio serviço para saber se o filho está estudando.
Se pensarmos em instrução, tudo poderá funcionar bem, e os tutores para sanar dúvidas estariam em suas casas contratados pelas agências educacionais.
Há o outro lado da moeda: a socialização. A escola não existe somente para um aluno aprender conteúdos. Ela existe para que haja interação entre as pessoas. A sociedade moderna é interativa, a arte abriu este caminho permitindo que o visitante de uma exposição possa interagir com as peças ali expostas. O teatro deixa o palco e interage com a plateia, e a humanidade cresce mais em valor se conseguir trocar experiências.
A formação individualizada, com todos os benefícios que possa trazer, inibe a socialização, impede as trocas entre pessoas e os atritos normais da convivência. Tudo isso reforça algo muito perigoso: o treinamento de monstrinhos que já existem em nossa sociedade.
Hamilton Werneck é pedagogo e escritor