Rio -  A briga de reis em que se transformou o projeto de revitalização da Marina da Glória ganhou mais um round nesta terça-feira, em audiência pública na Câmara do Rio. De um lado, o rei Roberto Carlos, que ancora o seu famoso iate Lady Laura na Marina e, junto com outros 400 proprietários de barcos, como O DIA  noticiou em 23 de fevereiro, seria obrigado a deixar o local. Do outro, o bilionário Eike Batista, que quer construir umshopping e centro de convenções na região.
Nesta terça-feira, por meio do diretor de uma de suas empresas, a Rex, Marco Adnet, Eike abriu o baú de promessas, e o fim do esgoto na Marina e a criação de áreas de circulação públicas, como calçadões, ciclovias e parque, hoje inexistentes, foram citados como melhorias com as obras planejadas. Mas não convenceu a plateia na Casa. E o assunto voltará a ser tema de debates em novas audiências do Ministério Público e da Alerj.
Galerias da Câmara foram tomadas por partidários contra e a favor do projeto de revitalização da Marina | Foto: Paulo Alvadia / Agência O Dia
Galerias da Câmara foram tomadas por partidários contra e a favor do projeto de revitalização da Marina | Foto: Paulo Alvadia / Agência O Dia
O que o representante de Eike não disse é que todas as alterações feitas pela EBTE, antiga concessionária da Marina — grades, edificações provisórias e lojas —, foram condenadas em processo judicial de 2009. Por Lei, a Marina tem que voltar a ter as características que possuía no ano de seu tombamento pelo Patrimônio Histórico: 1965.
“Estamos aqui em audiência pública sem planta ou qualquer documento oficial, sem processo administrativo para avaliar. Disseram que o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) aprovou previamente o projeto, mas, até agora, nada foi publicado em D.O”, questionou a ex-vereadora e advogada Sonia Rabello.
Funcionários da Marina, que não quiseram se identificar, disseram que Roberto já decidiu não tirar seu iate da Marina, mesmo que, para isso, precise ir à Justiça. A assessoria do cantor foi procurada, mas não retornou os contatos.
"Promete o que não pode cumprir"
“O projeto deles acaba com os lugares destinados a pequenas e médias embarcações. Não pudemos explicar isso, mas vamos fazê-lo e recorrer a todas instâncias judiciais possíveis contra esse absurdo”, disse o presidente da Associação dos Usuários da Marina da Glória (Assuma), o advogado José Fernandes. Das cerca de 200 vagas secas, Eike quer manter apenas 50 e para veleiros. Em troca, promete ampliar as atuais 180 vagas no mar para 450. “Ocorre que, para isso, ele terá que construir píeres fora da área aforada, ou seja, está prometendo o que não pode cumprir”, questionou Fernandes.